O filme Meu Tio (1958) de Jacques Tati é uma obra que busca criticar o modernismo e o consumismo. Para isso, o diretor retrata o cotidiano da família Arpel, que mora na parte nova de uma cidade francesa, em uma casa extremamente moderna, repleta de bugigangas industrializadas. Por outro lado Monsieur Hulot, o tio, que mora em uma espécie de cortiço, na parte antiga da cidade, onde estão conservados aspectos tradicionais da sociedade francesa. Dentro deste contexto, o sobrinho de Hulot passa a admirar a sua vida e das pessoas que vivem naquele lugar, a qual é totalmente diferente da monotonia em que vive. Toda essa situação somada as atitudes do M. Hulot acaba gerando um desconforto entre o pai e o tio.
Em todo tempo Jacques levanta criticas a respeito da vida moderna que as pessoas da época tanto almejam, satirizando, por exemplo, a questão dos apetrechos domésticos, muita das vezes bugigangas industrializadas, que se tornam indispensáveis em suas vidas e que acabam tornando indicadores de sofisticação e, consequentemente, estalecedores de status social. Toda essa preocupação em possuir ‘tecnologia’ e exteriorizar essa possessão faz com que o consumismo aumente, fazendo com que a produção aumente nas fabricas, reforçando ainda mais o estado de espírito da série, o que é representado nas cenas na fabrica de plásticos. Outro assunto abordado é a questão funcionalismo idealizado na arquitetura e dos objetos modernos (o que deixa a vida monótona), onde tudo foi feito para um fim especifico que quando ‘quebrado’ altera a harmonia e a impecabilidade do moderno.
Neste filme Jacques Tati soube dirigir e criticar de forma cômica e magistral as questões que envolvem o modernismo exarcebado, passando para o espectador a formalidade e o tédio do moderno, contrapondo à espontânea e divertida vida simples utilizando-se de recursos áudio-visuais como a seqüências e repetição de movimentos e sons. Enfim, uma obra que merece ser prestigiada.
Resenha escrita por Tálisson Sinésio Silva | 2º Período | CAU | UNILESTEMG